O Depoimento
"Quero
começar dizendo que, se você espera uma resposta no fim, ficará desapontado.
Não há.
Eu trabalhava
de estagiário nos Estúdios Nickelodeon há mais ou menos 1 ano, para minha
formação em Animação. Não era paga, é claro, mas a maioria dos internos também
não eram: isso serviu de impulsão para minha carreira. Para os adultos, pode
não significar muita coisa, mas a maioria das crianças se matariam por um
emprego assim, mesmo que não remunerado. Desde que eu comecei a trabalhar
diretamente com os editores e animadores, eu recebia um "prévia" dos
novos episódios, alguns dias antes de eles irem ao ar.
A nova temporada estava demorando demais por razões que
ninguém conseguia explicar. Havia um problema com o lançamento da quarta
temporada, o que deixou a maioria da equipe longe por vários meses.
Dois outros estagiários e eu fomos levados à sala de
edição junto com os animadores e editores de som para algumas edições finais.
Recebemos a cópia do que supostamente seria "Fear of a Krabby Patty (Medo
de um Hambúrguer de Siri)", e fomos conduzidos à tela para assistir. Por
vezes, os animadores colocavam uma fita de título subersivo (era uma piada
interna), por exemplo, "How Sex Doesn’t Work" em vez de
"Rock-a-by-Bialve", o episódio em que o Bob e o Patrick adotam um
filhote de ostra. Não havia nada particularmente divertido, exceto por algumas
piadas relacionadas ao trabalho. Até que vimos uma fita com o nome
"Squidward's Suicide", não fizemos nada além de uma risada doentia.
Um dos internos até deu uma gargalhada. A música alegre de abertura tocava
normalmente.
A história começa com Lulamolusco praticando com sua
clarineta, tocando algumas notas ruins e azedas, como é de costume. Ouvimos o
Bobsponja rir de longe, e o Lula parou. Ele gritou com Bob e disse que teria um
concerto aquela noite: precisava praticar. Bob obedece e vai até a casa da
Sandy com o Patrick. As bolhas de uma cena para outra aparecem e vemos o fim do
concerto do Lulamolusco. Aí que as coisas começam a ficar bizarras. Enquanto
tocava, alguns frames começavam a se repetir sozinhos, mas o som não saía
(nesse ponto, o som era para começar junto com a animação, então sim, não era
algo normal). Quando ele parou, o som continuou normalmente como se aquela
repetição nunca houvesse ocorrido. Houve um pequeno murmúrio na platéia, antes
de todos começarem a vaiá-lo. Mas não era um "buu" comum de desenhos
infantis, poderia facilmente ouvir-se malícia nisso. O Lula estava na tela toda
e seu estado estava visivelmente assustado. Há um "close" na platéia,
onde observamos Bobsponja em seu centro. Ele também estava vaiando, o que não é
muito comum. Isso não é, de longe, a coisa mais estranha. O mais esquisito, é
que todos tinham olhos hiper realistas. Era muito, muito detalhados. Não eram
recortes de olhos de pessoas normais, mas algo bem mais realista que Animação
em CGI. As pupilas estavam marcadas. Alguns de nós nos entreolhamos, obviamente
confusos, mas como não éramos os escritores, não questionamos nada... ainda.
A cena vai para Lulamolusco sentado na ponta da cama,
parecendo muito desapontado e desesperançoso. A imagem na sua janela mostrava
que era noite, então não fazia muito tempo que o concerto havia terminado.
Nesse momento não tinha som. LITERALMENTE, não tinha som. Não ouvíamos nada,
além de poucos sussurros na sala. Era como se os falantes estivessem
desligados, embora o mostrador mostrasse que eles funcionavam perfeitamente.
Ele estava simplesmente sentado lá, piscando, em silêncio a quase 30 segundos,
até que começou a soluçar baixinho. Ele pôs seus tentáculos sob os olhos e
chorou por volta de 1 minuto, o som de fundo lentamente crescia, era algo que
mal se podia ouvir, como uma brisa na floresta (só que bem mais
"creepy" que isso).
A tela lentamente deu um zoom em seu rosto. Mas
LENTAMENTE eu quero dizer, você apenas notava o zoom 10 segundos depois de ele
ter começado. Seu soluço ficou maior e cheio de dor, agonia e raiva. A tela
começou a se contrair por alguns segundos e depois voltava ao normal, como se
estivesse viva. O som "além-das-árvores" ficava vagarosamente mais
intenso e severo, como se uma tempestade estivesse vindo de lugar nenhum. O
mais assustador de tudo era o soluço do Lula, parecia real demais, como se não
viesse dos alto-falantes, mas de algum ponto de dentro, ou mesmo de fora da
sala. A qualidade do som era tão surpreendente, que não precisaria de bons
equipamentos para ouvirmos tão bem.
Abaixo do som do vento e do soluço fantasmagórico, algo
soava como se estivesse rindo. Isso vinha em esquisitos intervalos e nunca
duravam mais de um segundo, você tinha que se concentrar bastante para ouví-lo.
Depois de 30 segundos disso, a tela embaçou e começou a contrair violentamente
ao passo que flashes saíam da tela - era como se uns poucos frames estivessem
corrompidos. O líder editor parou e rebobinou frame a frame, o que vimos foi
HORRÍVEL. Era a foto de uma criança morta que não deveria ter mais de 6 anos.
Seu rosto estava em carne-viva havia sangue por todo lado, seu olho esquerdo
estava fora das órbitas, pendendo sobre o rosto ao avesso. Ele estava nú a não
ser por uma roupa de baixo, seu abdomem aberto, com os órgãos à mostra. O lugar
era alguma rota pavimentada (provavelmente sofreu um atropelamento). O mais
entristecedor era a sombra do fotógrafo, claramente vista por todos. Não havia
marcas de pneus, nem nenhuma outra evidência, era quase como se o fotógrafo
fosse o responsável pela morte da criança;
Estávamos, claro, abismados, mas continuamos assistindo,
rezando para que fosse mais uma piada doentia. A tela voltou ao Lula, ainda
soluçando. Um soluço mais poderoso que o anterior, mostrando apenas metade do
seu corpo, as mãos no rosto e sangue saindo de seus olhos. O sangue era outra
coisa hiper-realista, parecia que você poderia tocá-lo com os dedos. O que
soava agora, era como uma tempestade na floresta. Havia até o som de alguns
galhos quebrando. A risada, profundamente subversiva, vinha e ia com mais
frequência. Depois de quase 20 segundos, a tela novamente embaçou e se mexeu
violentamente. O editor estava hesitante em voltar a fita, assim como nós, mas
todos sabíamos que ele tinha que fazê-lo. A foto desta vez era de uma garotinha
um pouco mais velha que o menino anterior. Ela estava deitada, com uma poça de
sangue próxima a ela. Seu olho esquerdo também havia sacado e ela estava nua, a
não ser novamente pela roupa de baixo. O corpo estava na estrada e a sombra do
fotógrafo era visível, muito similar ao primeiro. Todos estavam quase
catatônicos, um vomitou e a única mulher na sala correu.
O show foi retomado. 5 segundos depois que a segundo foto
foi mostrada, todo o som parou, da mesma forma que aconteceu quando a cena
começou. Ele tirou os tentáculos dos olhos, os quais eram hiper realistas como
os dos outros no início do episódio. Eles estavam sangrando e pulsando. Lula
encarava a tela como se estivesse observando o telespectador. Depois de 10
segundos, ele começou a soluçar e cobrir os olhos novamente. O som voltou,
agora mais assustador do que nunca: seu soluço estava misturado com gritos
insanos. Lágrimas e sangue estavam caindo de seus olhos muito mais que antes. O
vento voltou e então, o som de uma risada profunda. A próxima sequência de
contrações começaram, e editor estava pronto para pará-la antes de terminar,
ele rebobinou. Desta vez, a foto era de um garoto, na mesma faixa etária que os
anteriores, mas a cena era diferente: suas entranhas estavam sendo puxadas por
uma mão enorme e seu olho direito pendendo sobre o rosto coberto em sangue. O
animador prosseguiu. É difícil de acreditar, mas as próximas cenas eram mais
chocantes e intensas que as anteriores, eu nem posso descrevê-las. Fomos
seguindo e seguindo, assistindo quase sempre a mesma coisa. Chegou a um ponto
em que eu perdi o controle e vomitei. Os outros estavam tossindo e com lágrimas
nos olhos. Então chegamos um ponto crucial: alguns frames eram diferentes dos
outros, exatamente 5. Cada frame era uma sequencia da foto anterior. Vimos
lentamente a mão chegar perto dos olhos e então arrancá-los. O editor ordenou
que aquilo parasse e mandou que chamássemos o criador, pessoalmente, para ver
aquilo. o Senhor Hillenburg chegou depois de 15 minutos. Ele estava muito
confuso do porquê de terem o chamado ali, então o editor continuou o episódio.
Depois que os 5 frames foram mostrados, todos os gritos e
todo o som novamente parou. Lula estava encarando o espectador, seu rosto
inteiro na tela, por quase 3 segundos. Rapidamente tudo ficou escuro e uma voz
profundamente insana disse "DO IT". A próxima coisa que vimos foi uma
arma (shotgun) nas mãos do Lulamolusco. Imediatamente colocou o cano na boca e
puxou o gatilho. Sangue hiper realista e restos de massa encefálica chocaram-se
com a parede, Lula foi jogado para trás com força. Os últimos 5 segundos
mostraram o personagem desfigurado deitado na cama, com um dos olhos pendendo,
olhando fixamente para a tela. O episódio acabou.
O Senhor Hillenburg estava, obviamente, zangado com isso.
Ele ordenou que todos explicássemos o que diabos estava acontecendo. A maioria
das pessoas já havia deixado a sala, nesse momento, então tivemos que apenas
assistir tudo de novo.
Ver o episódio mais uma vez apenas colaborou para fixar
mais ainda tudo aquilo na minha mente e me causar pesadelos terríveis. Me
arrependo de ter ficado.
A única teoria que podíamos pensar era que alguém invadiu
o estúdio e editou o arquivo. A polícia foi chamada para analisar o que estava
acontecendo. A análise mostrou que aquilo realmente foi editado, mas o
contador-de-tempo da edição era de meros 24 segundos antes de começarmos a
assistir. Todo o equipamento envolvido foi examinado pela perícia. Potentes
programas procuraram por erros (glitches) - como o do contador de tempo que,
certamente, estava errado - mas tudo que foi checado estava bem. Não sabíamos o
que estava acontecendo, na verdade, nesse dia ninguém sabia. Houve uma
investigação para saber a natureza das fotos, mas nada foi concluído. Nenhuma
criança foi indentificada, nenhum acidente (ou homicídio) com as
características. Nenhuma prova ou evidência. Nada. Eu não acreditaria em tal
fenômeno se eu não estivesse lá."
Red Mist - O Episódio
"Red Mist" é uma fita contendo um episódio
inédito de Bob Esponja. Como a há muito tempo perdida e agora descoberta
recentemente fita contendo o "Suicide Mouse", Red Mist foi criada por
um animador escocês, agora preso, que queria apresentar a fita como o primeiro
episódio da quarta temporada, apresentando a morte de Lula Molusco.
Red Mist começa com o Lula Molusco se preparando para
praticar com a clarineta em sua casa, Lula Molusco coloca a boca na clarineta e
só consegue tocar uma nota antes de ser interrompido por alguém batendo em sua
porta. Ele desce as escadas e abre a porta, ve que não tinha Ninguem e Volta
Depois de tocar algumas notas bem erradas, Bob Esponja e
Patrick começam a rir do lado de fora, interrompendo Lula Molusco.
Ele olha pela janela e grita com os dois, dizendo que ele
precisa praticar para um concerto que teria. Bob Esponja e Patrick se desculpam
com lágrimas nos olhos e vão para suas casas. Lula Molusco, incerto de si
mesmo, volta a praticar com sua clarineta mais uma vez, agora sem ser
interrompido.
A cena então vai se "apagando" em vermelho e
permanece assim por doze segundos.
Talvez por causa de um erro, a mesma cena repete mais uma
vez, o que provavelmente deve ser comum em edições básicas de animação.
Entretanto, dessa vez, os olhos dos personagens foram substituídos por novos,
mais realísticos e com pupilas vermelhas. Obviamente nada mais real que CGI ou
animação. Não há mais áudio nessa cena, tirando alguns "cliques"
ocasionais.
Depois da repetição da cena anterior, uma nova começa,
com os mesmos olhos vermelhos nos personagens. Agora todos estão no teatro,
onde Lula Molusco está tocando sua clarineta. Os quadros da animação
"pulam" a cada quatro segundos, mas o som permanece sincronizado.
Depois de uma apresentação ruim da música que ele mesmo intitulou "Red
Mist", Bob Esponja e Patrick são vistos na platéia vaiando Lula Molusco,
muito incomum da parte deles.
A cena se afasta,enquanto Lula Molusco vai embora
cobrindo a cabeça com seus tentáculos. O que há de estranho é que a cena
realmente o mostra voltando para casa, sem nada acontecer ao fundo, e permanece
desse modo por três minutos e cinquenta segundos antes de ser abuptamente
cortada para uma tela em vermelho por mais outros vinte segundos, bem quando
ele volta pra sua casa.
Corta para Lula Molusco mais uma vez, agora encarando o
espectador enquanto a voz de alguem grita "FAÇA" e "a névoa
vermelha está vindo" ao fundo repetidamente. Depois de quarenta segundos,
a câmera rapidamente se afasta para revelar que Lula Molusco está segurando uma
arma realista, Lula Molusco ergue o cano da arma para sua boca e atira. Sangue
espirra de sua cabeça e a tela corta para estática (O
famoso"chiado").
Em 7 de Novembro de 2004 a fita foi entregue para os
animadores e editores de som na Paramout Studios, em Hollywood, Califórnia, no
meio da noite. A fita foi levada para sala de edição onde foi assistida pelos
animadores e editores.
O vídeo abaixo mostra um trecho de 49 segundos do vídeo
original, a penúltima cena do episódio. Foi o primeiro trecho liberado por
Agnew, após isso alguns fãs fizeram uma montagem, um "remake" caseiro
do episódio.
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